Minha Experiência com a Ansiedade
- Admin
- 19 de ago. de 2017
- 8 min de leitura
Você com certeza já deve ter ouvido alguém falar que "a ansiedade é o mal do século", e se perguntado: "Por quê?" ou "Até quando?" "Será que tem cura?".
Bom, como uma das personagens dessa novela, eu vou te contar o que você precisa saber sobre a ansiedade e como eu venho lidando com ela ao longo dos anos.
Sim minhas amoras, eu disse anos!
A ansiedade se manifesta em cada ser humano de uma forma diferente. Não é uma doença comum que você pega de alguém ou que você adquiri com o tempo, pelo menos não pra mim.
Eu costumo pensar que a ansiedade nasceu comigo, como um defeito de fábrica e que com o passar do tempo, sem a devida "manutenção" e atenção foi ganhando uma proporção bem maior e talvez mais assustadora do que deveria se parecer.
Eu conheci essa palavra aos 15 anos de idade, no auge da minha adolescência e transformação. Foi sem sombra de dúvidas a pior época da minha vida, quando deveria ter sido a melhor.
Mas no fundo eu sempre soube que tinha alguma coisa errada comigo... Eu sempre fui muito retraída, tímida, sistemática, mas o mais errado de tudo é que desde pequena eu sempre fui muito sozinha, no sentido de não ter amigos, não conseguir me enturmar e me relacionar com quase ninguém além da minha mãe.
Essa solidão à qual eu me refiro, não significa que eu não tive apoio ou estrutura familiar, eu tive sim problemas na família, traumas como todos nós já tivemos, desentendimentos, mas a questão estava em como eu enfrentava tudo aquilo. Eu nunca havia conseguido responder ou discutir com alguém, mais especificamente com a minha mãe, pelo contrário, sempre que alguém aumentava o tom de voz pra mim eu me calava, reprimindo tudo o que eu sentia, as minhas opiniões, sempre muito reservada, séria e uma filha muito obediente... Eu disse e repito: a ansiedade nasceu comigo! Até porque, quando eu procurei ajuda pela primeira vez, a médica interrogou a mim e a minha mãe para conhecer o meu histórico familiar. E quando ela soube que na minha família eu não era a única com esse perfil, ela disse de cara: "meu amor a culpa não é sua! A ansiedade vem de uma pré-disposição genética." Obviamente esse defeitinho respingou em mim.
É difícil descobrir que você tem algo que te impede de viver como você gostaria, e que fazer tudo o que antes você fazia com maestria, agora é um dos seus piores medos.
Medo é a palavra que define a ansiedade pra mim. Medo do que pode acontecer, medo de passar mal em algum lugar e não ter ninguém pra me socorrer, medo de não ser aceita pelo que eu sou, medo de ficar sozinha, medo que as pessoas não entendam os meus medos, medo de não conseguir superar o medo. O medo...
A minha primeira médica foi Ana Paula Berardo Martin, uma neuropediatra, pois eu tinha acabado de fazer 15 anos. A melhor médica que eu poderia ter encontrado naquele momento. Tão doce e ao mesmo tempo muito sucinta e positiva em relação ao meu problema. Ela disse que eu tinha Transtorno do Pânico (ou Síndrome do Pânico), que é um transtorno causado pela ansiedade excessiva e que leva o seu cérebro a sempre ficar em estado de alerta como se você estivesse sob ameaça o tempo todo.
Eu comecei o tratamento, e já tão nova tomava medicação controlada de uso contínuo, porque isso estabilizava os sentidos do meu cérebro e inibia os sintomas, aaaah os sintomas... Falta de ar, tontura, formigamento dos braços e pernas, desespero, sensação de morte, sufocamento, vontade de sair correndo sem nem saber pra onde, sensação de desmaio. Sim! Eu sentia tudo isso ao mesmo tempo e parecia que a minha mente virava um emaranhado de fios desencapados prestes a eletrocutar alguém. Eu olhava pros lados e não via nada, eu ia me fechando e me afundando cada vez mais nas sensções horríveis que eu estava vivendo, até não aguentar mais e pedir que alguém chamasse a minha mãe pra me levar pra casa. Sem falar as várias vezes em que eu estava na rua e saía correndo sem rumo, já pegava o celular e começava a ligar pra ela chorando. Graças a Deus pelo celular!
Mas eu vou resumir essa história, se não vou escrever um livro... Com a medicação e uma terapêuta, que eu tenho certeza que foi o próprio Jesus que a colocou no meu caminho, eu comecei uma saga contra a ansiedade.
O tempo passou e eu tive altos e baixos por diversas vezes, porque eu precisei mudar de médico e a insegurança me trazia tudo à tona outra vez. O fato mais perturbador é que uma síndrome do pânico, não satisfeita em já ser algo aterrorizante, pode evoluir pra mais um tipo de transtorno e ficar ali, associada com ele como um time pra te derrubar.
Mas minhas amoras, eu não tô aqui pra falar pra vocês o quanto uma crise de ansiedade pode ser ruim e te deixar pra baixo, e sim que você pode contra ela, no entanto não pode sozinha.
1º) Seja forte e aceite o que está acontecendo com você: quando eu digo pra você aceitar, não é pra você desistir e cair em depressão, de jeito nenhum! Aceita que você tem um problema e ao invés de tentar ignorar ele, tente resolver. Para de correr do pânico, da depressão, da bipolaridade... Tudo isso é ansiedade e você precisa de ajuda, então vá buscar!
2º) Não se isole de nada e nem de ninguém: quando você tem um problema que te causa incômodo, principalmente problemas que mexem com as suas emoções, você tende a querer esconder ele das pessoas e fazer de conta que não é com você. Para com isso menina! Conta pras pessoas que você confia e principalmente pras que você ama, sua família que ama você e que vai te apoiar.
3º) Tenha consciência de que talvez você precise tomar medicamentos pro resto da vida, mas que isso não é tão ruim assim: eu já fiz as mais variadas linhas de tratamentos que você imaginar e acredite, até eu achar a certa levou anos, mas isso não é problema pra mim, porque eu sei que eu preciso disso pra me manter saudável, e o mais importante... Eu não tenho vergonha de contar isso pras pessoas que me cercam. Com a terapia, eu perdi toda a minha timidez e duificuldade de me relacionar com outras pessoas. Eu posso dizer que tenho os amigos certos, os mais amados e especiais, e todos eles sabem de cor a minha história. E ai de quem ousar me criticar por isso.
4º) Entenda o seu problema para conseguir lidar com ele: quando eu comecei a me tratar eu passava longe de livros, matérias ou blogs que falavam desse assunto, porque quando eu começava a ler aquilo eu já começava a passar mal. Porém, conforme eu fui amadurecendo, eu percebi que as experiências compartilhadas eram a melhor forma de adaptar um jeito só meu de administrar o meu cérebro. Então eu lia o que outras pessoas com problemas similares faziam e tentava adequar à mnha rotina pra que eu pudesse voltar a ter uma vida normal.
5º) Terapia associada ao tratamento é fundamental: não importa qual tipo de transtorno você tenha, uma coisa é fato: você tem um transtorno mental, e somente o psicólogo é capaz de indentificar a fonte do problema pra tratar você. Isso não significa que você tá doido(a), e sim que você tem maturidade e sanidade pra reconhecer um problema e procurar ajuda para resolvê-lo.
6º) Não fuja da sua vida: geralmente quando temos a primeira crise de ansiedade, acontece do nada. Você tá fazendo algo que tem costume de fazer todo dia, algo que você gosta de fazer e de repente vem aquele mal estar, que de primeira te desespera e depois te deixa em estado de alerta, com medo de que aconteça de novo. Não é uma coisa voluntária, mas é importante que você saiba que você tem total controle sobre isso. Não deixe que seu inconsiente associe o medo ao local, ou seja, se você passou mal no seu local de trabalho, o seu cérebro tende a associar que o medo vem de lá, e isso não é real. O que ocorre é que talvez o seu trabalho exija muito da sua responsabilidade, concentração e deposite sobre você uma pressão psicológica muito grande, e isso faz com que você pense que se voltar lá, vai acontecer de novo, e vai, só que você vai aguentar firme porque você sabe que está tudo bem, e que vai passar da mesma forma como passou das vezes anteriores. Ocupe sua mente, respire fundo (existem vários exercícios respiratórios que você pode fazer) e repita pra si mesmo que está tudo bem e que não há nenhuma ameaça nesse local, nada de ruim vai lhe acontecer. A ansiedade pode te abalar, mas não vai te matar.
7º) Ocupe seu tempo com suas maiores paixões: essa é a última dica, e talvez a mais preciosa, e está voltada para o que estou fazendo agora. Eu resolvi escrever para as pessoas sobre quem eu sou e o que eu amo fazer, porque o meu tratamento me ajudou a me encontrar e saber o que eu preciso pra me manter saudável e feliz. Eu não ganho nada fazendo isso, nada além do apoio dos meus amigos, da minha família e das minhas amoras... Mas o que eu realmente espero receber é o carinho de todas vocês, alcançá-las e dar voz aos seus sentimentos, pra que vocês se identifiquem comigo pelo que passei e pelo que sou hoje, e saibam que um problema não pode destruí-las, porque são muito mais fortes do que imaginam.
8º) Tem cura? Sinceramente eu não sei... Mas tem tratamento, tem controle, e eu tenho fé em um Deus maravilhoso que pode todas as coisas e está acima de todo o mal da terra. Eu acredito que um dia ainda vou conseguir cura, parar de tomar toda a medicação que tomo e ficar só com a minha psicóloga linda que eu amo de paixão :D.
Para terminar... Coisas pra se fazer nas horas de sufoco:
Procure se acalmar e controlar sua respiração, fazendo exercícios de inspirar e expirar lentamente;
Tenha fé em Deus e tenha fé em você. Faça a sua oração e repita pra si mesmo que as suas emoções não podem te ferir, e que logo isso vai passar como já aconteceu antes;
Tente ocupar sua mente com outras coisas que não piorem o seu estado ansioso. Eu ficava lendo sobre o assunto, sobre formas de manter o controle.
Vá ao banheiro, jogue uma água na nuca e tente respirar calmamente, tome um tempo pra se recuperar, beba uma água ou coma algo (muitas das minhas crises de ansiedade surgiram em decorrência de hipoglicemia e comer algo leve ajudava bastante), apenas se destraia, mude o foco pra não se perder no meio de uma crise ansiosa;
Cuide da sua saúde física, e assim a saúde mental vai responder positivamente ao seu dia-a-dia se ele for tão estressante quanto o meu;
Pratique atividades físicas, mesmo que seja uma caminhada todos os dias. Ao fazermos exercícios o nosso organismo libera endorfina, e isso é um santo remédio pra quem tem transtornos de ansiedade. Eu morro de preguiça de ir pra academia, mas eu vou lá e faço meus exercícios como se estivesse tomando um remédio;
Alimente-se bem, pois a chance de um mal estar por problemas alimentares desencadear crises de ansiedade é muito maior do que se você comer direitinho, alimentos saudáveis e nutrientes que beneficiam seu corpo e sua mente.
Amoras lindas da minha vida, esse foi mais um post do Blog Make da Ju, logo mais teremos novidades, dicas e curiosidades que vão te ajudar bastante.
Eu sei que ficou um post extenso, mas eu espero de verdade ter passado boas informações e dicas positivas que vão ajudar vocês, que agora já conhecem uma parte bem íntima minha.
Comentem suas experiências, suas dúvidas, se quiserem recomendações de profissionais pra te ajudar. Eu estou sempre ligadinha aqui esperando por vocês, é só chamar.
Um beeijo e até a próxima!
Ps.: Vou deixar aqui dois links das redes sociais dos meus médicos, Dr. Daniel Victor Arantes (psiquiatra) e Dra. Lara Miranda (psicóloga) pra que vocês conheçam melhor o trabalho deles que incrível.
facebook.com/arantesdv
facebook.com/larabeatriz.siqueiramiranda
Комментарии